Por Amanda Hernandes Soares
O mercado de tintas passou portransformações profundas nos últimos anos. Muito tem se falado sobre novas formulações, tintas à base de água e atributos sustentáveis. Mas há uma engrenagem crucial para que tudo isso funcione de forma realmente competitiva nesse setor: a embalagem. É que as embalagens metálicas deixaram de ser apenas um invólucro para proteger o conteúdo armazenado em seu interior. Elas se tornaram verdadeiros ativos estratégicos, incorporando tecnologia de ponta, rastreabilidade, processos inteligentes de produção e outras inovações que reduzem custo e impacto ambiental. E isso muda completamente o jogo para fabricantes, distribuidores e varejistas do setor de tintas.
Segundo a Associação Brasileira da Embalagem (ABRE), o Valor Bruto da Produção do setor de Embalagens chegou a R$ 165,9 bilhões em 2024, um crescimento de 14,89% em relação ao ano anterior. É um dado que revela muito mais do que volume: mostra como esse setor tem se desenvolvido, especialmente no que diz respeito à adoção de tecnologias que agregam valor ao produto final.
Impressão digital: a resposta à agilidade que o mercado exige Um exemplo claro desse avanço é a impressão digital permitindo personalizações rápidas, tiragens menores com alta qualidade e redução de perdas. Em um cenário onde o tempo de lançamento de novos produtos é cada vez mais curto, essa
tecnologia permite que fabricantes de tintas adaptem suas embalagens com agilidade, mantendo padrões visuais profissionais e competitivos. Essa abordagem favorece a diversificação de portfólio, além de abrir espaço para ações promocionais, edições especiais e até personalizações regionais — algo
impensável em linhas tradicionais de impressão. Rastreabilidade e ampliação dos dados: embalagens inteligentes ganham espaço. Outro salto relevante são as chamadas embalagens inteligentes. Trata-se de latas que trazem QR codes únicos, sistemas de rastreamento logístico, recursos de geolocalização e até interações digitais em realidade aumentada. Com essa tecnologia é possível conhecer mais o consumidor final, entender o comportamento de compra no varejo, entre outras ações que agregam valor aos
departamentos de marketing e compras das empresas. Além disso, também é possível incorporar tintas UV invisíveis, que revelam números de série e marcas d’água sob luz especial; uma solução que pode ser
utilizada para criar layouts especiais, edições limitadas e até garantir a autenticidade e integridade do conteúdo, mitigando falsificações e facilitando a rastreabilidade. Sustentabilidade operacional: menos energia, mais eficiência Do ponto de vista industrial, o avanço mais impactante tem sido na eliminação de
fornos térmicos nos processos de revestimento metálico. Em vez de aplicar camadas que exigem altas temperaturas para cura (processo de secagem e fixação do revestimento), novas soluções eco amigáveis utilizam tecnologia de plasma e cura UV imediata, que não só economizam energia como também reduzem drasticamente as emissões de Compostos Orgânicos Voláteis (VOCs).
Para o fabricante de tintas, isso se traduz em parcerias com fornecedores mais eficientes, com menor pegada de carbono e maior compliance ambiental — o que, por sua vez, valoriza o produto final no ponto de venda e perante órgãos reguladores. Convergência entre tecnologia e logística Por fim, é importante destacar que essas inovações afetam toda a cadeia logística, da fábrica ao cliente final. Embalagens mais leves, resistentes e inteligentes significam melhor empilhamento, menor taxa de avarias, transporte mais eficiente e rastreamento desde a origem até o consumidor. Essa nova geração de embalagens, que une tecnologia de produção, controle de qualidade, segurança digital e compromisso ambiental, redefine o papel do fornecedor no trade de tintas: não se trata mais apenas de entregar latas, mas entregar valor agregado e vantagem competitiva. Em suma, a transformação das embalagens metálicas não é apenas uma evolução estética ou funcional — ela representa um salto estratégico para o trade de tintas, que hoje exige mais agilidade e sustentabilidade.
*É Gerente de Marketing na Brasilata.